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Absolutamente nada era capaz de supreendê-la: tríptico em light paint e fotografia abstrata

Foto do escritor: HavaneHavane

Absolutamente nada era capaz de surpreendê-la, 2018

Disse Wagner Willian (Lobisomem sem barba, Balão Editorial, 2014) que absolutamente nada era capaz de surpreender camille. Nem mesmo um homem andando nu em pelo na frente do prédio com a tranquilidade de quem vai à padaria 24h em busca de cigarros ou mortadela, irradiando mil watts num imenso clarão.

Quão forte ou cética deve ser essa tal de camille para não se surpreender com absolutamente nada? Essa mulher deve ser uma estrela. Estrela no sentido figurado, descrito no dicionário como pessoa ou ideia pela qual alguém se norteia; um guia.

A propósito, sabe como nasce uma estrela?

Ouvi dizer que nascem das nebulosas, que, por sua vez, são imensas nuvens de gás compostas basicamente de Hidrogênio, Hélio e poeira cósmica. Nas regiões da nebulosa com maior concentração de gases, a força gravitacional é maior, fazendo com que ela comece a se contrair. Quando um gás contrai, ele esquenta. Se a temperatura aumenta muito, há uma enorme liberação de energia e nasce uma estrela.

Esse trabalho é sobre uma enorme liberação de energia dentro de uma nebulosa. É sobre coisas que vão crescendo, movimentando e modificando. É sobre não caber em si e explodir. O movimento começa totalmente enquadrado e vai expandindo até extrapolar as bordas de segurança da imagem. A forma abstrata estoura agitada, cada vez mais rápida em movimentos, talvez, circulares e começa a virar uma massa de cinza com traços de superexposição.

Por ser abstrata, pode significar qualquer coisa. Sendo aquela, apenas uma hipótese de intepretação. Daí eu penso que, mesmo diante de uma nebulosa, Antonieta não ficaria surpresa jamais. Sábia criatura. Pois dela é a interpretação dos fatos, dos sentimentos e das imagens.

Digo isso porque não se deixar surpreender pode ser uma forma de autoproteção mesmo diante do olho do furacão. No entanto, contar uma história através de uma sequência fotográfica abstrata é jamais tratar de verdades absolutas ou de construções definitivas, deixando que o expectador se vire para entender a cabeça do artista sob a ótica de sua própria experiência.

Também é um trabalho voltado para experimentações técnicas do aparelho fotográfico, mais precisamente, de um celular mediano no qual eu jamais confiaria uma séria fotografia. Até ontem, pelo menos. Não faço a menor ideia de como esse trabalho ficaria em uma ampliação razoável, quanto mais em proporções gigantescas (pois é de forma gigantesca que penso que ele vai atingir bem no meio da sua alma). Por outro lado, talvez não seja um trabalho para ser ampliado, dadas as circunstâncias da captura das imagens originais. Não importa. Com ele, eu queria falar de um conceito: a capacidade de aceitação da mudança e do absurdo por uma personagem feminina que poderia, muito bem, ser você; porque eu acho que não dou conta.



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​© 2018 por Havane Melo

Brasília, Distrito Federal, Brasil

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